sexta-feira, 7 de outubro de 2011

ESTUDAR FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UM DEVER OU UM PRAZER?

ESTUDAR FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UM DEVER OU UM PRAZER?


Jairo Felipe da Boita

RESUMO

Este artigo apresenta a relação da física com o cotidiano do aluno a partir da seguinte indagação: a motivação só existe quando o objeto de estudo faz sentido para o aluno e acima de tudo quando ele percebe a aplicabilidade prática desses conhecimentos e se localiza como parte integrante no processo de construção dos conhecimentos, mas como proporcionar tais condições? Em linhas gerais atualmente quando se questiona um aluno de ensino médio quanto a visão que ele tem em relação a disciplina de física, sua importância e aplicabilidade no contexto sócio cultural desse educando, nem sempre a resposta é compatível com as expectativas dos educadores. Buscando recursos que venham contribuir no processo de ensino aprendizagem de forma que o aluno perceba o real contexto da física em sua vivência escolar e social discute-se a questão metodológica bem como o auxilio apresentado em relação ao fator motivacional do educando para a aprendizagem dessa ciência.

PALAVRAS-CHAVES: Experimentação. Motivação. Prazer. Dever.

1 INTRODUÇÃO

A aprendizagem em qualquer que seja a abordagem está diretamente associada a motivação do indivíduo para realizar a aprendizagem. No estudo de ciências mais especificamente da disciplina de física o ato de aprender não é alheio a esta realidade como afirma ( GONÇALVES e GALIAZZI, 2004, p.240), a motivação só existe quando o objeto de estudo faz sentido para o aluno e acima de tudo quando ele percebe a aplicabilidade prática desses conhecimentos e se localiza como parte integrante no processo de construção dos conhecimentos, mas como proporcionar tais condições?

Buscando resposta para o questionamento anterior diversos profissionais e instituições de ensino apostam a um bom tempo em uma proposta experimental para o ensino de física além de investir na pesquisa e desenvolvimento de estratégias direcionadas à aplicação dessa proposta.

2 CONTEXTO E METODOLOGIA

2.1 TORNANDO A AULA DE FÍSICA INTERESSANTE E INVESTIGATIVA

No contexto educacional manter os alunos motivados é muito importante todavia não é uma tarefa muito fácil, mas possível e o método experimental apresenta contribuições bastante interressantes nesta perspectiva, tornou-se perceptível a motivação e o prazer que os alunos apresentam ao estudar física interagindo com a prática e vivência momentos de construção coletiva de conhecimentos em estágio realizado com alunos do segundo ano do ensino médio aplicado na região serrana do rio grande do sul nos campos de cima da serra durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2008.

É possível afirmar que uma proposta experimental por sua vez tem potencial motivador em relação ao estudo de física como também das demais áreas das ciências, é importante salientar que não basta simplesmente inserir o experimento no contexto de uma aula de física, pois muitas vezes quando não é realizada a prévia definição de como associar tal atividade ao contexto da aula levando em consideração as peculiaridades de cada escola e de cada turma o educador poderá encontrar resultados bem distantes dos esperados. Com o intuito de ilustrar essa situação pode-se partir para uma análise em relação as formas de aplicação da atividade experimental, e levantar uma questão. Seria totalmente eficiente uma proposta experimental na qual o educador aplica a prática apenas de forma demonstrativa não propiciando ao educando a interação e o manuseio dos equipamentos?

Analisando o questionamento uma breve reflexão propicia uma visão mais abrangente, a atividade experimental em muitos momentos precisa ocorrer de forma demonstrativa, todavia também necessita haver momentos de interação do aluno com o experimento, viabilizando o contato e manuseio dos equipamentos e valorizando a contribuição do aluno na construção dos conhecimentos dessa forma se promove o “prazer” no ato de estudar física.

A partir do panorama apresentado em termos de ensino de física que se observa a nível de ensino médio é possível perceber que deficiências existem, mas identificar quais são os fatores que causam essas deficiência é um processo um pouco mais complexo. Poderíamos partir da análise do mercado profissional levando em consideração a falta de profissionais nesta área ou talvez analisar a questão sócio econômica na qual esta inserido o aluno ou ainda entrar no universo administrativo e tecer críticas aos sistemas de governo que tem investido pouco tanto na formação de professores como na parte de materiais para as escolas.

Nos últimos anos, a investigação em educação tem produzido frutos acerca da natureza e do processo de criação do conhecimento e sobre a forma como as pessoas aprendem. Refletir sobre a construção e natureza do conhecimento bem como procurar modelos para a forma como as pessoas aprendem pode levar ao questionamento de métodos e finalidades, à planificação e orientação de pesquisas que originem novos conhecimentos que eventualmente robusteçam a teoria. Assim, após uma reflexão acerca da evolução do papel do trabalho experimental que parece ser privilegiado para a aprendizagem em ciências, apresentam-se alguns contributivos no domínio da psicologia (nomeadamente da Teoria da Aprendizagem significativa, a qual, de acordo com vários estudos, é um modelo promissor de aprendizagem), da epistemologia e da didática, focando o trabalho experimental.

A proposta de discussão que se pretende levantar nesse momento considera um dos fatores que influenciam diretamente na aprendizagem de física e na aprendizagem de forma geral, que é a questão do método aplicado ou ainda da concepção que o professor tem sobre o ensino de física. Atualmente muito se tem discutido quanto a influência de alguns métodos de trabalho que são aplicados em busca de amenizar as dificuldade de compreensão dos alunos na disciplina de física como também reverter alguns quadros de apatia ou de aversão ao estudo dessa ciência que é um fato presente em sala de aula corriqueiramente.

Destaca-se entre os mais diversos métodos estudados nos dias de hoje a proposta experimental, que visa possibilitar ao aluno um aprender construtivo onde o indivíduo é parte atuante no processo de construção do conhecimento e não apenas passivo e submetido a um método expositivo no qual o professor apresenta conhecimentos prontos os quais devem ser gravados pelo aluno que deve compreender que tais conhecimentos surgiram do estudo de alguns cientistas e não cabe ao educando tentar “redescobrir” esses conceitos. Apesar disso ainda existem muitos profissionais que acreditam na eficiência de um método expositivo, logicamente não é um ponto de concordância entre todos os profissionais que haja um modelo de ensino de física totalmente eficiente e capaz de suprir todas as necessidades dos educando e que possa ser aplicado em todas as realidades sendo que cada escola apresenta uma realidade muito particular, tanto cultural como econômica, esse também é um fator que gera necessidades de adaptação para a aplicação de uma metodologia que venha a ser realmente eficiente no ensino de física.

Um dos entendimentos sobre aprender majoritariamente presente nas escolas é o aprender receptivo. Professores que acreditam que os alunos aprendem de forma receptiva assumem que se os temas forem bem explicados, os que estiverem atentos reterão sem problemas os conteúdos apresentados. Na aprendizagem receptiva os alunos absorvem e memorizam os conteúdos, não havendo relação significativa desse processo com seus conhecimentos anteriores. (MORAES, 2007 p. 20)

Quando se pensa em trabalhar de forma experimental no ensino de física surgem muitas interrogações, boa parte dos profissionais da área ao se deparar com elas desistem antecipadamente sem ao menos realizar uma reflexão ou buscar formas de contornar as dificuldades surgidas .Tantas são as interrogações que não é difícil entender o motivo da resistência desses profissionais a aplicação de um método experimental, a falta de um laboratório de ciências na escola, o alto culto de equipamentos para esses laboratórios ou mesmo por não haver cooperação nem apoio dos demais professores que fazem parte da comunidade escolar na qual o professor está inserido são argumentos para a não aplicação dessa metodologia.

Por outro lado quando o professor percebe que é necessário estar atento as novas metodologias que tem surgido, fruto de inúmeras tentativas de melhorar o ensino aprendizagem de física e ao mesmo tempo ele acredita que é possível aplicar essas metodologias, então esse profissional parte em busca de maneiras para tornar possível a viabilização da aplicação dessa proposta que se baseia em experimentação

. È de conhecimento coletivo que muitos profissionais tem se dedicado no estudo de formas de viabilização da aplicação de novas metodologias, entre elas podemos destacar a construção de equipamentos a partir de sucata ou com artefatos de baixo custo que podem ser utilizados em sala de aula no ensino da física, ou ainda recorrer a passeios com os alunos visitando museus de ciências, usinas, fábricas, metalúrgicas entre outros, ou mesmo associando situações do cotidiano dos próprios alunos aos conteúdos trabalhados em sala de aula.

“As duas características dominantes, a visão de ciências e das atividades experimentais e a dicotomia entre teoria e experimentação, se alia a crença presente nas vozes dos professores de que a experimentação motiva intrinsecamente os alunos.”( GONÇALVES e GALIAZZI, 2004, p.240)

O processo de formação de um aluno não se fundamenta apenas em absorver informações, mas é um apanhado de inúmeros fatores que compõe uma totalidade consistente e bem fundamentada. Na formação de um cidadão a aquisição de informações é muito importante e indispensável mas não é o bastante, também é preciso que o professor desperte em seu aluno o senso crítico e investigativo, buscando fazer com que ele perceba que é parte integrante de um meio social e capaz de interferir nesse meio colaborando no desenvolvimento coletivo e essa capacidade o aluno só irá adquirir no momento em que ele aprende atuando, participando da construção do saber.

O que se questiona nesse momento é o papel do professor nesse processo. O professor a partir do momento em que tem ciência de que formar um aluno como cidadão atuante em seu meio social é possibilitar que ele realize esse papel já dentro da sala de aula para que ele conserve essa postura também no meio social no qual está inserido

Localizar o aluno como parte integrante na construção de um todo também é proporcionar a ele a oportunidade de avaliar o método que está sendo utilizado pelo professor ao ministrar suas aulas. Quando o aluno tem a oportunidade de apresentar o seu ponto de vista quanto a metodologia apresenta ele está exercendo um papel importante na sua formação que é o papel de analise, de avaliação do processo que por sua vez também poderá nortear a atividade do professor quanto a metodologia aplicada.

Contudo acredita-se que no universo das possibilidades dentro do ensino de física existem inúmeras formas de buscar uma melhoria significativa adaptando-se métodos alternativos que venham a suprir as necessidades apresentas pelos alunos para a compreensão dos conteúdos relacionados a essa disciplina. A atividade experimental como recurso didático é uma das maneiras de se criar um ambiente de estudos mais produtivo e de se obter melhores resultados no que tange o ensino aprendizagem de física.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contudo fazer uso de metodologias alternativas como a prática experimental nos remete ao questionamento “estudar física no ensino médio, um dever ou um prazer?”, e a partir da prática pedagógica aplicada durante o período de estágio pode-se afirmar que o educando deve ter prazer no processo de aprender, logo, cabe a cada educador a constante busca de alternativas que venham a promover a motivação dos aluno em relação a aprendizagem proporcionando a interação dos mesmos no processo de construção do conhecimentos.

É possível através dessa pesquisa perceber que o ensino de física não deve ter apenas um caráter matemático firmado em aulas expositivas e na metodologia tradicional, enquanto se tem recursos didático pedagógicos de grande valor motivacional ao alcance do professor, pois quando se faz uso de alternativas metodológicas e entre elas a atividade experimental os resultado obtidos podem ser totalmente diferenciados em relação as metodologias tradicionais, ou seja, aulas expositivas fundamentadas no uso de quadro e giz e seguindo apenas roteiros prontos, tratando essa ciência como pronta a qual não permite que o educando contribua na sua construção, logo, pode-se concluir que os resultados da pesquisa direcional o educador a alçar novos vôos em e esses em direção a atividade experimental, assim poderá contemplar de forma mais abrangentes o ato de fazer ciência interessante e investigativa.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

GONÇALVES, Fábio Peres e GALAZZI, Maria do Carmo. A natureza das atividades experimentais no ensino de ciências. IN MORAES et al. Edição em ciências.Ijuí:Unijui,2004

MORAES, Roque. Aprender ciências:reconstruindo e ampliando saberes. IN GALIAZZI,et al.Construção Curricular em Rede na Educação em Ciências.Ijui:Unijui,2007

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